Setembro amarelo começou nos Estados Unidos, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio, em 1994. Mike era um rapaz muito habilidoso e restaurou um automóvel Mustang 68, pintando-o de amarelo.
No dia do velório, foi feita uma cesta com muitos cartões decorados com fitas amarelas. Dentro deles tinha a mensagem “Se você precisar, peça ajuda.”. A iniciativa foi o estopim para um movimento importante de prevenção ao suicídio. Em consequência dessa triste história, foi escolhido como símbolo da luta contra o suicídio, o laço amarelo.
Na cidade que é conhecida nacionalmente, ou talvez, internacionalmente como a cidade da fé, da esperança, existe um fato um tanto quanto perturbador: o alto índice de suicídio. Sendo o Ceará, nos anos de 2016 e 2017, o 5ª estado da nação com o maior índice de suicídio, Canindé deve estar entre os primeiros do estado. Se o Ceará permaneceu nos anos seguintes entre os primeiros da nação no número de suicídios, não sei informar, não encontrei essa informação na Internet.
No ano de 2020, o Ceará registrou mais de um suicídio a cada 24 horas. Só no primeiro semestre 306 cearenses tiraram a própria vida, desse número, 257 do sexo masculino. É um número bastante alarmante que requer programas, políticas púbicas voltadas à saúde mental de forma permanente. Com ampla divulgação das formas de acesso ao tratamento da saúde mental, como também para diminuir o estigma que ainda existe em nossa sociedade em se buscar tratamento mental. Diminuir ou acabar a resistência de só quem precisa é quem é “louco”, ou se quem procura tratamento, ou toma remédio controlado é fraco, é falta de fé. Pelo contrário, buscar ajuda para as suas questões pessoais é sinal de gostar de si próprio, é sinal de que quer bem a si mesmo. É um ato de amor para consigo! É sinal de que a pessoa quer viver bem, viver com alegria.
A vida não tem manual que basta seguir as orientações e pronto, está tudo resolvido. O ser humano é algo muito complexo. Nossas emoções, pensamentos não são algo simples de lidar. Por isso, ajuda é necessária para nos ajudar a entender nós mesmos, e se necessário for tomar remédio, que tome, não há problema.
Em 1997 eu tive meu primeiro contato com a palavra suicídio. Tinha apenas 12 anos de idade. Estava brincando com meus amigos na pracinha Nemésio Cordeiro, quando vi uma multidão correndo para o Abrigo que fica na rua Sitônio Monteiro. Perguntei o porquê da correria, responderam: fulano de tal cometeu suicídio. Não fazia ideia do que essa palavra queria dizer, então corri com a multidão para ver o que tinha acontecido. Chegando no abrigo, me deparo com a cena que me perturbou por muitos meses, vi um homem enforcado. Então aprendi da pior forma o que é suicídio. Desde então, quase sempre quando alguém em Canindé comete suicídio, acabo sabendo por informações de terceiros.
Ao longo dos anos, o número de suicídio não diminui. Desde meus 12 anos de idade, até a minha idade atual, 36 anos, a média de suicídios em Canindé fica em torno de 10 por ano (não é informação oficial, apenas observação minha). Contudo, neste documento>> http://www.mpce.mp.br/wp-content/uploads/2019/12/20190295-Plano-de-Prevencao-e-Posvencao-do-Suicidio-do-Municipio-de-Caninde.pdf, elaborado pela prefeitura de Canindé, de certa forma, colabora com minha observação.
Na segunda página do documento, no título: situação do município de Canindé, contém a informação de que entre os anos de 2010 a 2017 tivemos 60 suicídios registrados. Desses 60 casos, 47 foram do sexo masculino e 13 do sexo feminino. A faixa etária vai de 15 a 78 anos de idade, das mais diversas classes sociais. As ocorrências, em sua maioria, são por enforcamento e superdosagem de remédios. O documento ainda trata da questão da subnotificação das tentativas de suicídio, o que dificulta as ações de controle e prevenção em pessoas com ideação suicida.
Enfim, Canindé precisa URGENTEMENTE e PERMANENTEMENTE de ações voltadas para o tratamento da saúde mental, de divulgação das formas de acesso a psicólogo(a), a psiquiatra, de palestras, simpósios, ajuda quanto a divulgação pelas rádios locais, cartazes nas escolas, nos comércios, produção de vídeos nas redes sociais e também, não pode faltar remédio de uso controlado para distribuição gratuita, pois sabemos que muitos remédios para tratamento mental são caros e nem todo mundo tem condição de comprá-los. E acima de tudo, sempre busque a Deus, sempre peça ajuda a Jesus, sempre reze, ore, não que você não tenha fé, pelo contrário, mas em todos os momentos de nossa vida podemos contar com Ele, pois a paz do mundo é como uma montanha russa, subindo e descendo, a paz d'Ele é firme como a rocha que vai te sustentar durante as tempestades da vida.
Que a Paz do Senhor esteja contigo!
Foto de capa>>Mundo vetor criado por freepik – br.freepik.com
Fonte 2016>>https://www.opovo.com.br/noticias/fortaleza/2016/11/ceara-e-o-5-estado-em-numero-de-suicidios.html
Fonte 2017>>>https://al.ce.gov.br/index.php/ultimas-noticias/item/68893-28-09-2017-pe-gs
1 comentário em “SETEMBRO AMARELO – Suicídio em Canindé”
Parabéns pela reprodução cultural, mesmo histórias simples que muitos da população de Canindé não sabem…Esta divulgação ajudará muita gente amar a vida e refletir este histórico.