Sessão extraordinária da Câmara da Vila de Canindé, de 9 de maio de 1879, dá origem ao Velho Mercado da praça Azul. O requerimento registrado na forma que se segue:
“Pelo proprietário, o cidadão Jose Cordeiro da Cruz, foi apresentada uma proposta de requerimento sobre contratar com esta Câmara um quadro de quartos construídos de tijolos, em sítio aprovado para a feira e Mercado Público desta Vila, e que, sendo submetido à votação, a sobredita proposta foi aprovada por unanimidade, pelo que mandou o presidente lavrar o respectivo contrato.
Oficiou esta Câmara ao Exmo. Sr. Presidente da Província, remetendo por cópia, o contrato que há celebrado entre esta mesma Câmara e o Sr. Jose Cordeiro da Cruz sobre o exarado na ata de hoje; pedindo sua aprovação provisória e para se designar a submeter à aprovação da Assembléia Legislativa Provincial.”
Embora houvesse a necessidade premente, a burocracia emperrou a realização. Fazia quatro anos que o Tenente Jose Cordeiro da Cruz tinha oferecido abrigo para realizar a feira.
Naqueles idos não havia a figura do executivo municipal, o vereador mais votado assumia a presidência da Câmara e exercia palidamente a administração da Vila. Quando desta reunião o presidente era o Tenente Jose Cordeiro da Cruz. Seguindo ele, os trâmites legais e o regimento da casa entregou interinamente o cargo ao vice-presidente, para poder apresentar formalmente o requerimento cujo teor encontra-se registrado na sessão extraordinária da Câmara de 30 de dezembro de 1882, conforme a seguir:
” o Presidente da Câmara Jose Cordeiro da Cruz, convidou o Vice-Presidente Antônio Martins Junior para tomar a Presidência, posto que tinha que requerer perante a Câmara. Efetivamente o Vice-Presidente assim procedeu e apresentou o seguinte requerimento:
“Ilustríssimos senhores, Presidente e Vereadores da Câmara da Vila de Canindé. Dizem Jose Cordeiro da Cruz e sua esposa Joaquina Cordeiro da Cruz, que, em cumprimento do contrato celebrado pelo suplicante com a Câmara Municipal desta Vila, em 09 de maio de 1879, sobre a feira ou Mercado Público, conforme o contrato esteja este definitivamente aprovado pelo artigo 109 da LEI 1833 de 15 de outubro de 1880, vem os suplicantes doar a municipalidade o referido barracão, requerendo Vossas Senhorias que se dignem receber o mandado e lavrar o competente termo de entrega e receber as escrituras de doação que os suplicantes se oferecem a passar em qualquer dia, pelo que pedem o deferimento receberão mercê. Segue data supra e assinatura do casal.”
NOTAS EXPLICATIVAS
Nota: Tudo isto consta no nosso livro “VIAGEM PELA HISTÓRIA DE CANINDÉ”, páginas 80 a 81. Todavia se faz necessário melhores esclarecimentos.
1- O terreno é o da Praça Azul, o quarteirão em que funcionou o Detran até poucos anos. Dito terreno pertencia ao Tenente Jose Cordeiro.
2 – Canindé necessitava de um mercado e a Vila não tinha condição de erguer. O Tenente Jose Cordeiro ofereceu fazer um quadro de quartos, doou o centro do quadro à Vila para que ali houvesse a feira semanal.
3 – Pelo contrato, o Tenente Jose Cordeiro exploraria o aluguel dos quartos por 25 anos. Após isso, então passaria a pertencer ao patrimônio da Vila.
4 – A contagem do tempo seria a partir da conclusão. Assim, o tenente nunca concluiu a obra e nem muito menos seus descendentes o fizeram, razão pela qual o Mercado sempre foi particular. Com a construção do Mercado Público da praça Thomaz Barbosa, desativam o velho Mercado. O antigo mercado permaneceu ainda por alguns anos a Casa Cruz, pertencente a Vírgílio Cruz Filho, neto e herdeiro do Tenente Jose Cordeiro.
Fotos: Tenente Jose Cordeiro e Imagens do Mercado Velho da Praça Azul.