Antes de tudo, é de sentir muito orgulho em saber que temos um conterrâneo que participou na 2ª Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, é de sentir tristeza em saber que poucas pessoas sabem disso. Um canindeense que lutou junto aos aliados para derrotar o nazismo e o fascismo, merece todas as homenagens possíveis, mesmo que sejam póstumas. Graças aos guerreiros como Francisco Gerardo Pinto Damasceno que arriscaram suas vidas, hoje vivemos livres da tirania nazista. Por isso, Canindé tem um herói, um herói de guerra.
Francisco Gerardo Pinto Damasceno nasceu em Canindé, em 07/07/1923. Filho de José Pinto Damasceno e Edite Martins Pinto. Ainda jovem, foi para o Rio de Janeiro. Em seguida, ele se apresentou na Aeronáutica, para prestação de serviço militar. Antes de ter se voluntariado para ir a guerra, ele já tinha feito o curso de Sargento Especialista, dessa forma, já foi para a guerra como sargento.
Teatro de Operações
Conforme informa o site: sentandoapua.com.br, nosso herói chegou a Pisa, na Itália, em 26/02/1945. Ou seja, com apenas 21 anos e alguns meses de idade. Considerando que a guerra acabou em 02/09/1945, logo, nosso conterrâneo ficou oito meses e alguns dias na maior guerra até então registrada da história humana. Segundo seu filho, Eduardo Damasceno, Francisco Gerardo atuou como especialista em comunicação, como rádio telegrafista de terra e atuou no grupo de resgate de feridos. De acordo com seu filho, Francisco Pinto Damasceno, seu pai também era responsável por realizar a manutenção dos rádios da equipe D de P-47 (modelo de caça norte americano utilizado pelos brasileiros). Ou seja, depois de todas as missões, ele desmontava, testava cada componente e remontava os rádios dos caças para garantir seu funcionamento.
Por sua coragem e desempenho, nosso herói ganhou as seguintes medalhas: Campanha da Itália, Campanha Atlântico Sul, Medalha Militar Bronze por 10 anos de bons serviços, Medalha Militar Prata por 20 anos de bons serviços, Presidential Unit Citation (EUA), bem como a medalha “Mérito Operacional Brigadeiro Nero Moura” .
Senta a Pua!
Nosso herói de guerra fez história ao participar do 1º Grupo de Aviação de Caça, cujo grito de guerra era: “senta a pua”, cujo significado é: significa lançar-se contra o inimigo com decisão, coragem, sangue frio, golpe de vista e vontade de aniquilá-lo, pois quem “Senta a Pua”, arremete de ferro em brasa e verruma o bruto. Em outras palavras, signfica mandar bala!
Depois da Guerra
De volta ao Brasil, casa-se com a carioca Neuda Gonçalves Pinto. Os frutos dessão união são os filhos Eneida Gonçalves Pinto e Eduardo José Pinto Damasceno. Posteriormente, casa-se novamente, dessa vez com Aida Quitero Pinto, e tiveram três filhos: Analida Pinto Damasceno, Francisco Pinto Damasceno e Ana Paula Pinto Damasceno. Nesse ínterim, fez curso de Pós Graduação em administração na fundação Getúlio Vargas. Reformou-se no Posto de Major. Após sua reforma, foi trabalhar junto ao Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID), na cidade de Washington (USA).
Enquanto ainda no BID, chefiou uma missão para Guatemala, e mais tarde administrou um crédito para a construção de Cancun, no México. Após sua saído no BID, foi gerente e superintendente das seguintes empresas de telecomunicações: (TELEFUNKEN / ENGESA / MICROLAB). Além disso, sabia falar inglês e espanhol. Enfim, saiu da pequena cidade do interior do Ceará, da pequena vila de Canindé, para ser cidadão do mundo, para ser herói nacional e internacional.
Conforme conta o seu filho, Educardo Damasceno, nosso herói de guerra visitava frequentemente Canindé. Embora tenha deixado a cidade há muito tempo atrás, nunca esqueceu suas origens. Do mesmo modo, todos os seus filhos conhecem e visitam Canindé com frequência.
Retorno para a Casa do Pai
Nosso conterrâneo, Francisco Gerardo Pinto Damasceno, morreu de insuficiência cardiorrespiratória às 05:16h do dia 06/05/2014, em Sumaré, SP. Aos 90 anos, ele retorna para a casa do Pai. Tendo vivido plenamente, participado na campanha na Itália, trabalhado bastante, nosso herói, por fim, descansa. Foi sepultado no cemitério de Congonhas, São Paulo, SP.
Projeto Memórias de Canindé, de Júlio César, Alemão, e Jonas Ferreira
Agradecimentos em especial ao senhor Eduardo Damasceno, filho de Francisco Gerardo Pinto Damasceno, por ter colaborado em escrever a matéria sobre seu pai herói.