Quem lembra dos tradicionais fotógrafos lambe lambe que durante longos anos trabalhavam nas proximidades da Basílica de São Francisco em Canindé? Os fotógrafos lambe-lambe eram fotógrafos anônimos, populares e intuitivos, que desenvolviam suas atividades profissionais em praças e jardins públicos do Brasil. Até poucos anos atrás, era muito comum encontrá-los, encapuzados e quase fundidos a caixotes sobres tripés. A criatividade do nosso fotógrafo de jardim, aliada à aguçada sensibilidade tátil, era o ponto de partida para o desenvolvimento do ofício. Qualquer um deles orgulhava-se em dizer a marca da lente que usava. Era a essência do negócio. O lambe-lambe desenvolvia seu trabalho com uma câmera-laboratório: uma caixa de madeira com uma lente apoiada num tripé.
A câmera era dividida em duas partes, sendo que a inferior continha os dois banhos, revelador e fixador, que eram utilizados ao mesmo tempo, para o processamento químico de filmes e papéis. As fotos eram reveladas ali mesmo, quase que instantaneamente, o que dava ao fotógrafo uma mobilidade incrível, uma vez que não precisava mais se deslocar ao laboratório para revelar os filmes. Existem diversas teorias sobre a origem do nome lambe-lambe, segundo uma delas, a revelação das fotos em máquinas lambe-lambe, exigia tempo mínimo de lavagem e mínima quantidade de água. Portanto, para garantir a qualidade do trabalho, os fotógrafos tocavam a língua nas fotos durante a lavagem para avaliar a qualidade da fixação e da própria lavagem. Com a popularização das câmeras fotográficas, principalmente depois do advento das câmeras digitais, o fotógrafo lambe-lambe tornou-se um profissional se não já extinto, em vias de extinção. Porém, as facilidades tecnológicas que tanto agregam à fotografia moderna, minimizam a espontaneidade, a capacidade de improvisação e a sensibilidade presentes nas fotos dos lambe-lambes.
Fonte – lambelambedigital.wordpress.com/historia-dos-lambe-lambe
Assistam ao documentário sobre os fotógrafos lambe-lambe de Canindé e Juazeiro do Norte, “Câmera Viajante” e a “verdadeira” fotografia no vídeo a seguir: