A maioria nem se liga, mas a Igreja de Nossa Senhora das Dores é o prédio religioso mais antigo de Canindé. A nossa Basílica consagrada a São Francisco das Chagas, em tempos normais arrasta mais de um milhão de fiéis a Canindé anualmente. Todavia, muitos canindeenses não participam como queriam das manifestações religiosas por estarem exercendo atividades que lhes asseguram, muitas vezes, o sustento do ano inteiro.
Assim, a grande manifestação da religiosidade católica do canindeense é exercida de forma plena na igreja de Nossa Senhora das Dores, no mês de maio, consagrado a Maria Santíssima. A “Coroação” de Nossa Senhora, que esteve suspensa por conta da pandemia tinha se mostrado um espetáculo admirável e de esplendor para a Meca Franciscana.
O texto a seguir será parte integrante da edição revista e ampliada do nosso livro “Viagem Pela História de Canindé”, que não constou na primeira edição, como se segue:
1886 (2 de julho) – Nesta data é oficialmente entregue a visitação pública a Igreja de Nossa Senhora das Dores, conforme consignado no 2º Livro de Tombo, páginas 2 e 3, conforme a seguir:
“Finalmente temos a satisfação de consignar aqui o importante da benção de nova igreja, consagrada a Nossa Senhora das Dores, abrindo mais um espaço à expansão religiosa do católico povo desta paróquia (…) Dado e passado em visita pastoral, nesta Vila de São Francisco das Chagas de Canindé. Aos dois dias do mês de julho de 1886. E eu, Pe. Bruno da Silva Figueiredo, secretário da visita o escrevi. + Joaquim, Bispo do Ceará.”
O templo, como se vê, foi bento por D. Joaquim Jose Vieira, 2º Bispo do Ceará, que vinha à Canindé pela primeira vez, durante visita pastoral, época em que o vigário da Paróquia de São Francisco das Chagas era o Pe. Alexandre Correia de Melo. São vagas as notícias sobre o fato. O que existe é apenas este lacônico registro no Livro de Tombo. Nenhuma ata, nenhum registro da imprensa, e assim ficamos sem saber como se deu a inauguração da famosa ermida.
Início da Construção
Quanto a sua edificação sabemos que teve início na seca de 1877, quando ainda vivíamos sob o regime monárquico. O local escolhido foi o antigo e desativado cemitério São Francisco, que se presume existente desde a formação do povoado no último quartel do século XVIII. A igreja constava das obras que foram destinadas para Canindé pelo Governo Imperial, a fim de mitigar a fome do nosso povo. Terminada a seca a obra foi abandonada inconclusa pelo Governo, mas foi encampada pela Confraria de São Francisco à custa do cofre do oráculo, que lhe deu conclusão.
Como se vê, o embrião da devoção a Nossa Senhora em Canindé, se deu por conta de uma catástrofe climática. Com a construção da igreja os festejos foram implementados e a religiosidade do canindeense foi multiplicada. Assim nasce as tradições religiosas, partindo de uma novidade que cai no gosto e na fé do povo.
Autor: Augusto César Magalhães