O casarão de frente a Basílica de São Francisco, antigo sobrado dos Magalhães (atual prédio da Biblioteca Municipal) era a sede de uma majestosa “Quinta” (em outras palavras, uma propriedade rural de grandes dimensões em Portugal e em outros países lusófonos, normalmente com casa de habitação). O Padre Joaquim Cordeiro da Rocha (nome de rua) a concluiu no ano de 1864. Em seguida, foi doada para sua irmã, Ana Cordeiro de Magalhães e manteve-se sempre na família, até ser vendida ao município. Em síntese, é um patriônio histórico da cidade. Acima de tudo, precisa ser preservado.
Os manuscritos do botânico Dr. Freire Alemão, que em missão de trabalho esteve em Canindé, relatava que existia na Vila Canindé, em fevereiro do ano de 1861, uma boa casa de sobrado em construção na rua do Comércio (atual João Pinto Damasceno). Porém, existiam mais duas casas de sobrado na rua de baixo, ao lado da Igreja da Matriz de São Francisco, uma que mora um padre. Este se referia ao atual prédio onde hoje funciona a Biblioteca e a outra pertencente ao Dr. Paulo Pessoa, sendo as melhores casas da Vila Canindé. As demais casas são todas de telhas caiadas, algumas de boas aparências, as salas bem mobilhadas com portas pintadas. Ou seja, o prédio é um dos mais antigos de Canindé.
Origem da Rua Joaquim Magalhães
Chegando o progresso, embora de maneira tímida, dividiram o terreno, antes de tudo, por altruísmo do proprietário, capitão Jose Otoni Magalhães. Permitindo, nesse sentido, que se passasse uma rua dentro do terreno aos fundos deste antigo prédio, originando, como resultado, a atual rua Joaquim Magalhães. O nosso amigo Pedro Magalhães Uchôa nos informou que sua mãe, Agar Magalhães, morou nesse casarão, e em 1925 com 20 anos saiu, por fim, para casar com o pai dele, Júlio Uchôa.
Quando morreu em 1966 seu proprietário, capitão José Otoni Magalhães, tio legitimo de sua mãe, deixou o sobrado para sua tia Sara Magalhães, que em seguida vendeu para a Prefeitura na gestão do Weber Magalhães.
Durante alguns meses, nesse prédio, funcionou, primeiramente, a Câmara Municipal de Canindé. Em 6 de abril de 1968 fundaram a Biblioteca pública municipal, na administração do então prefeito de Canindé, Antônio Weber Magalhães Monteiro. Ao passo que recebeu o nome de “Cruz Filho”, em homenagem ao prícipe dos poetas cearenses e nosso conterrâneo. Além disso, era também jornalista, escritor e foi um notável pesquisador da história do Ceará. Por isso, justa a homenagem.
Em 20 de dezembro do ano de 1974, a Biblioteca Municipal Cruz Filho foi, enfim, reconhecida oficialmente pelo Ministério da Educação e cultura.
Fonte – Augusto César Magalhães; Hélio Pinto Vieira
Fonte – Canindé, vila, na ribeira do riacho Canindé, 1861.
In: DAMASCENO. Darcy. e CUNHA, Waldir da. Os
manuscritos do botânico Freire Alemão – catálogo e
transcrição. Anais da Biblioteca Nacional – vol. 81, 1961,
p.335-337.
Pesquisa – Júlio Cézar Alemão
Fotos – Acervo do historiador Chico Karam